sexta-feira, 10 de abril de 2009

Amor antigo

De flor na mão
Hoje acordei e modorrei um pouco lembrando o amor pelo meu dicionário, nesta convivência de três décadas.
Como a maioria dos amores, de inicio frenético, a roçar as fronteiras da paixão e depois mais sereno, criada a habituação, afagos mais espaçados, quando a necessidade era efectiva, ultrapassada a curiosidade e a descoberta dos primeiros tempos da ligação das nossas vidas.
Aprendi seus truques, seus cativares, seus sentires, e o seu modo de me atrair quando desejava meu terno folhear. Sim, sempre com ele fui delicado, trajei-o para resistir a intempéries, cedo-lhe o canto predilecto, enfim, presto-lhe afecto.
E, sendo conservador, espero manter este amor até à estrela voltar, o que vai estando na hora. Com tanta demora muito terei de limpar.
Da minha mansa loucura, até aqui não falada, só ontem meti conversa.
Procurado o seu conceito disse-me ele coisa sem jeito, entre outras de somenos: alienação de espírito, demência, imprudência, extravagancia, diabrura, brincadeira desenvolta.
Mas afinal o que é isto, não podia o sujeito ser mais concreto, sem tanta divagação?
E depois, bem, depois, foi coisa dum momento, aberta a ferida, palavra puxa palavra, vozes e letras alteradas, ao tomar conhecimento da definição impingida
Desatinado fiquei; uma destas carapuças servirá a um qualquer, seja homem ou mulher, a muitos e não poucos, podendo dizer seriamos quase todos loucos.
Como vou ser conhecido ? No meio desta confusão, eu queria o exclusivo, só me resta a ilusão.
Discuto, argumento, dou braço a torcer e nem uma linha arredou ou uma folha torceu na sua mania tola e, teimosos, carrancudos, ali ficámos, tal qual dois miúdos.
Nem me atrevo a consultar termos tais como: amor, amizade, ternura, felicidade... mas já me toma a saudade.

Vou deixar-lhe a flor, singelo simbolo de amor.

3 comentários:

Baila sem peso disse...

...não me atrevo a comentar
está lúcido e louco demais!!!!...
e a saudade é algo
que um poeta ou poetisa
não sossega jamais!!!

A flor...a beleza que era de esperar, para tão belo texto poético, enfeitar!
O orvalho de hoje, que senti
a veio por aqui regar...
junto-lhe o luar, que me sorri!

Beijinhos, onde consegui ler dor e amor, brincando com as palavras, com toda a clareza!
Parabéns...bela, doce e terna surpresa!

Paula Raposo disse...

Muito bonito o teu post!! Com flores de palavras...muitos beijos.

Andradarte disse...

Se eu mandasse, ficava já proibido de consultar esse 'boock'.
Que é isso Carlos??!!.
Rime mas é um pouco, pois gostei
de ver.
Um abraço