sábado, 2 de abril de 2011

morte anunciada

Não há fuga a questões complicadas e assim pensei quando me perguntaram como se vive com morte anunciada.
Na sua essência é a complicação de somenos porque, na verdade, desde logo à nascença, quando nos atiram para a prova de vida, pese embora a validade seja aleatória, a morte vem por apêndice garantida e sem fuga.
Há todavia casos em que o anuncio é cometido a termo definido, como sejam aqueles em que a justiça do grupo entende ser essa a via do castigo ou a própria natureza o faz, natureza que nos rodeia em sua beleza e falácia ou a nossa própria quando os limites são ultrapassados e os elásticos rebentam por demais esticados.
Eventualmente tudo depende da forma como cada um entende a morte, essa coisa que desconhecemos e evitamos comentar naquela falsa sensação de afastamento pois se não vejo não existe, conduta de avestruz mas que o humano bem imita.
No entanto é ela tida senhora do sofrimento e dor, arrastando consigo a noção da perca de posses frequentemente tidas como eternas, não só da nossa vida como daqueles que nos são queridos.
Aqui declaro não saber porque me deu isto hoje, mas pronto, fica arquivado e logo se verá.
E até vai levar boneco para não ficar tão triste

sexta-feira, 4 de março de 2011

Voar de novo

Com saudades de voar, rebusquei e encontrei
Era assim há cinco anos

quinta-feira, 3 de março de 2011

Para onde

Sim, era o Ricardo, e não, não o via há anos, época aquando ele febrilmente procurava respostas para questões filosóficas e universais, tais como donde viemos e para onde vamos, deixando então de fora algumas sequenciais e deveras importantes, tais como para quê, porquê e, a maior, porquê eu ?
Após os rituais, não me contive e perguntei se já tinha encontrado soluções para suas duvidas.
Que sim claro, tendo ficado apenas algumas arestas por limar.
Não puxei pela conversa pois sabia que aquilo podia levar horas, e horas dum tempo já para mim perdido.Todavia não deixou ele cair e acrescentou que, para onde, dependia sobretudo do currículo a apresentar aquele senhor aparamentado e barbado e tão badalado São Pedro, figura que, como outras fomos criando na evolução do homem e de tanto nelas falarmos as cremos reais.
Ele daria o seu parecer após leitura do currículo e dos seus registos sendo as alternativas paraíso ou inferno.
Conhecendo o Ricardo já o estava a ver a pensar numa cunha, pois sabia que das más acções ele se teria desfeito antes da crise, mantendo apenas as consolidadas e boas.
A conversa e o pensamento inerente obrigou-me a um pequeno salto na cadeira, aviso que me devia pôr a milhas e assim fiz, desejando-lhe, como é da praxe, tudo pelo melhor.
Estava preocupado quanto baste e fui dali a matutar, pois, para mim que não sou politico nem homem de cunhas e nem sequer negociante de bolsa, se o para onde fosse o inferno, podia dispensar o exame, ficando neste onde já vivo e me queimei.
E porventura sempre me atrapalharam aqueles senhores muito aparamentados e de grandes chapeletas que nunca sei como devo tratar e o erro pode dar barraca, como parece já aconteceu com aquele que vive ali no Vaticano.
Pode acontecer também que não entendam o português , o que, não me espantando, me obrigaria, por cautela, a procurar uma dessas escolas que dão cursos de idiomas em água a ferver e em poucas lições nos garantem desenrascar a situação.
Teria de certo de escolher meia dúzia e assim mesmo só por sorte acertaria. Sei lá, talvez mandarim, ou outro assim.
Mas há outra pergunta sem resposta: Porquê eu ?
E logo eu, tão cheio de problemas que logo hoje havia resolvido dar esta voltinha, nunca pensando que ela me daria também tal volta ao juízo, já de si tão debilitado, como tenho vindo a afirmar e parece ninguém acreditar, chamando-me brincalhão em vez de louco ou pessimista.
Que ninguem se preocupe, vou descansar um pouco, sentindo o fogo que me vem queimando e tentar não pensar mais nisto e, se a decisão me couber, por enquanto não desisto.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Os burros

Há alguns anos por coincidencia do curso de vida, ou interesses familiares, entre outros, mais uma vez, como tantas me aconteceram, transferi a minha estadia fisiológica para esta zona, onde, talvez também por uma daquelas coincidencias que acabam por condicionar a nossa mente, passava anualmente uns dias de férias aquando menino e porque não dizê-lo bom moço.
Eram aqueles tempos em que o automóvel era luxo, mas lembro bem que a viagem, curta embora, efectuada no autocarro de carreira, cestinho de verga com os precisos no tejadilho e olhos extasiados (cereja no topo do bolo)  postos nas árvores que em sentido contrário corriam e já então sentia necessidade de abraçar, pinheirais imensos que ainda os havia.
Antevisão da aprendizagem de bicicleta, o cheiro a campo, de mangualde a malhar milho na eira, o figo de capa rota sobre o poço de água fresquinha e os animais, ah os animais, não só o então já muito explorado porco de engorda e cuja linguagem jamais compreendi mas sobretudo os burros e sim, com esses aprendi a zurrar, acariciando as longas e felpudas orelhas e sabia bem os consolos que me iriam dar quando os montava ou ia de sol a sol para as vindimas para depois pisar a uva no lagar da família que me alojava. 
Desses mansos animais apenas temia o seu calçado forrado a metal, pelo que o convívio tinha de ser devidamente acautelado, mas garanto que continuaria a zurrar de bom grado, se eles por aqui existissem, correndo embora o perigo de me chamarem de louco, coisa que sei de há muito.
Sucede porém que, aparte alguns galináceos ou ovelhas, os burros desapareceram aqui da cena poderei dizer por completo, ressalva a uns quantos que perderam qualidades, e com quem evito o convívio, pois zurram mal e as orelhas são curtas e não peludas, alguns deles até imitando os pavões, apenas no sentido do seu pavoneio pois nem sequer imitar o valente grito são capazes.
E assim desiludido não vejo avançarem os meus êxitos nesta coisa da linguagem das outras espécies, das quais exceptuo as cobras, que essas também as há por aqui, não por horror mas porque falam muito baixo e, confesso, no meu estado de saúde e audição, só vou ouvindo aquilo que me convém.
Mas ainda sobre este meu interesse pelos burros, subsiste uma estranheza.  Burro porquê ? Porque a humanidade resolveu tratar de forma pejorativa um animal que em todos os tempos o ajudou a amenizar a sua diária tarefa de subsistencia.
Burros e porcos e aqui tenho de confessar que nunca falei nem me entendi com estes últimos, mas estou porventura convencido que andam por aí muitos sob disfarce.
Outra confissão que tenho de cometer é que antes de ter iniciado este escrito da treta devia ter feito pesquisa, hoje tão facilitada, para melhor entender certas coisas.
Só me desculpam as dificuldades de visão que venho atravessando, ou, se calhar, também tento ver apenas aquilo que quero.
Que alguém me perdoe, mas tinha de ajustar este desabafo para memória futura, se nesses tempos vindouros alguém se vier a dar ares de se  interessar pelos meus pesares.
Neste momento o texto não me parece só da treta mas longo que baste. pORVENTURA, como foi pensado há pouco a olhar a chávena do café, nunca me passou pela mona enfraquecida que ao digitar desse nisto
Outro que ainda não tem fotografia, mas sim, irá ter.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Comentários

Não era suposto que a esta altura do campeonato me assustasse com os conceitos tão diversos que cada qual faz do mesmo termo, ou até do entendimento global dum texto.
Isto vem acerca de comentários ao Kit de emergência que, e quanto a mim, apenas deveria ser entendido como exercício de sobrevivencia e ajuda ao próximo, nesta humanidade a pulular de loucura e não me excluo, como sabe quem tem o hábito e a generosidade de perder (?) algum tempo com estes devaneios nos quais derramo sempre que posso algum humor que é o meu e espero assim seja entendido.
Nesta velada critica inserta nos comentários, existe sempre quem me ache muito certinho, apesar da estrada curva, longa e pedregosa já percorrida, e outros que dissimulam um certo espanto por ainda existirem loucos que se assumem. Mas tem de ser, nunca fui forcado, mas tive de  tomar a vida pelos cornos e  não consegui completo domínio, confessando mesmo ter levado dela muita marrada o que talvez tenha feito de mim um guerreiro desarmado muito razoável longamente habituado à adversidade, tomando-a de preferência como impostora que é.
 Mas voltando ao assunto, alguém chamada de deusa de Orin que diz ser o meu sentido de humor fantasmagórico e para o meu conceito do termo, que me assusta, lá terei de arranjar tempo para rever o que eu escrevo, pensando conter graça e afinal será desgraça.
Alguém anónimo, certamente sabendo da minha mania de conversar com animais
e com um méééé delicioso, acaba por me pedir pormenores para tirar o melhor partido do kit e me deixa na impossibilidade de o fazer porque não sei de todo de quem se trata.
E aqui fica mais um texto, quiçá sem interesse, perdido nesta imensidão da galáxia, por onde voga a minha estrela que há tanto tempo deixei e deve andar do avesso e em tal desalinho que bom trabalhinho me irá dar aquando do meu próximo regresso.
Tenho de retomar o hábito de colocar fotos nisto, não por prémio, por de tal não ser credor, antes porque me lembram o amor.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

kit de emergência

Havendo por aí tanto desajuste, natural é que, de vez em vez, nos peçam ajuda.
Uns serão loucos assumidos, talvez o meu caso, outros não tanto.
Se for de sua vontade, faça-o, sem grande stress e converse, mesmo que não saiba o que dizer.
À cautela use o kit de emergência com suas chaves de fenda e martelo. pois se o caso for feio e de tampa desajustada, é um óptimo meio de sair da enrascada.
Em caso de tampa aberta, a coisa vai ficar feita é escolher a chave certa e meia volta pra direita.
Há porém imensa gente de tampa muito ajustada, e já o caso é diferente, volta à esquerda quase nada.
Se a conversa for da treta e não vir outra maneira, não use logo a marreta, tente antes a volta inteira.
Sendo as queixas de arrazar, e falar não remedeia, não há mesmo que hesitar, ajuste com volta e meia
Mas se algo tem de fazer e até aqui não deu nada, então sim ! pode crer, só resulta à martelada.
Contudo tenha cuidado, não bata com muita força para não fazer doer, pois o coitado estará farto de sofrer.

sábado, 29 de janeiro de 2011

DOR E SOFRIMENTO

Dor e sofrimento, sempre de braço dado, amigos de longa data, unha com carne, parecem frutos da mesma árvore.
Diria que talvez mas alimentando-se de distintas raízes.
Casal sorrateiro, procuram alojamento em seres debilitados, de limiar álgico vulnerável onde a dor se ceva na carne que resta e o sofrimento trata do foro psicológico, parecendo ir beber aos estados de alma e da influencia da experiência do passado.perspectivada no futuro nebuloso, deixando esses seres com baixas hipóteses de liberdade.
Mas enfim, em muitos casos lá continuam de braço dado, e, como as coisas da vida, com eles só a morte vai acabar.
A solução é espírito forte e cuidarmo-nos, segundo minha opinião.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A volta às flores.

Este texto publiquei-o há alguns anos após a conversa havida com uma florinha, hábito meu de então-
Hoje tive uma vontade imensa de voltar a ele, porque alguém me comentou, usando de grande generosidade e dizendo que eu era uma boa alma.
A ser verdade, o que não creio, as boas almas são castigadas de vez em vez..
Por força tenho de voltar às flores e à grande necessidade de voar.
—Obrigada !
Olhei à volta. Ninguém.
Óptimo, pensei. Agora já não falo sozinho, ouço vozes.
E logo anotei a vantagem de abandonar o monólogo.
O obrigada repetiu-se, e, dessa vez, guiado pelo som, descortinei uma florinha amarela, repousando em berço verde nas fissuras da calçada.
— Obrigada porquê ?
— Não me pisaste. Sabes, sou filha bastarda duma lufada de vento.As minhas irmãs tem sido pisadas ou colhidas e assim fiquei só.
— Não gosto de colher nem de pisar flores.
— Como tu há poucos, por isso vivo nesse medo. Os homens são muito estranhos, mostram-se atarefados, atropelam tudo e seguem sem mostrar compaixão, correndo dum lado para outro.Será que sabem o caminho ?
— Suponho que não.
— Certa vez passou por aqui um sábio que me disse que os homens são contraditórios: Perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. Pensam ansiosamente no futuro, esquecendo o presente e acabam por não aproveitar nem o presente nem o futuro. Vivem como se nunca morressem e morrem como se nunca tivessem vivido. É tão estranho !
— Podes crer. Acham também que praticando os rituais aliviam a sua consciência. Olha por exemplo no que toca a flores. Sem compaixão, colhem as mais belas, atam-nas em molho e depois, quer para celebrar a dor quer a alegria, oferecem beleza morta.
— Por isso vivo em pânico, ainda bem que não sou assim tão bela.
— Pelo contrário, além de seres uma bela flor, consegues também ser uma flor bela, lá onde não se vê, e, toma nota, isso entre os humanos não é fácil. Muitos não passam de encadernação de luxo em obra vã.
Pairou o silêncio e, passada uma eternidade, ela voltou a falar:
— Tu hoje foste a minha luz, o meu sol, quem me dera poder voar.
— Também gostaria de voar. É a liberdade !
— Não só. Quando o sol não viesse a mim, eu poderia ir até ele.
Chamei de novo o silêncio e afastei-me para que ela não visse o orvalho nos olhos do seu sol.

sábado, 22 de janeiro de 2011

As vestes da humildade

Ainda sobre o corredor da vida, faz três meses que o meu, devido a algo de maligno, se estreitou e, não fora a perícia e dedicação dum cirurgião e sua equipa, teria franqueado a porta de saída.
Foram-me assim permitidos mais três meses de vida e pese embora grande parte em dois cativeiros com a inerente dor e sofrimento, o segundo me permitiu constatar, tão embebido andava a lamber as minhas feridas, que estive em risco de não me aperceber, nem dar o devido apreço à ternura, carinho, afecto, amor, que me dispensaram companheiros de antigas actividades e outros mais recentes da escola sénior, de bloggers que nunca vira e sobretudo do meu filho e nora que, não olhando ao encargo, me tomaram como se seu filho fosse.
Aí acordei um pouco e perguntei-me a razão porque motivo outros davam mais valor à minha sobrevivencia do que eu próprio e lembrei também conversa posterior com o cirurgião que me disse ser eu um homem forte.
Nunca fui nem quero ser ingrato e não hesitei na minha obrigação de passar a investir um pouco do meu animo em cada dia mais que me seja oferecido, evitando assim desmerecer as manifestações de afeição de tantos a que, aparentemente, poderia não estar a dar o devido apreço e encontrando forma de me redimir.
E como a humildade é uma vestimenta que me apraz usar, aqui deixo o meu agradecimento e coração a todos aqueles que ainda me creditam algum préstimo pedindo desculpa se passei um pouco à ligeira aquele período de maior sofrimento e consequente menor discernimento.
BEM HAJAM TODOS SEM EXCEPÇÃO, CONTANDO COM O VOSSO PERDÃO.

domingo, 16 de janeiro de 2011

o corredor da vida

Se me propusessem explicar a vida diria que é um corredor sem espaço ou duração definida, limitado por um lado pela entrada ou nascimento, para o qual não contribuímos nem solicitámos e pelo outro pela letal e inexorável saída sem retorno, a morte, a verdade final de cada ser vivo.
Servidos do livre arbítrio, após longa manutenção e aprendizagem pela experiência, durante a qual somos dependentes da entrega e do amor dos outros, vamos fazendo o percurso um pouco à toa, desprezando mor das vezes, esse amor dos outros e a luxuriante paisagem que a natureza nos oferece a cada passo dos varandins do corredor, suas serenas brisas e sussurrantes águas.
Não nos bastam todavia essas mordomias, pois ambição desmedida, sonhos e anseios, levam-nos aos devaneios.
Olhamos lá ao longe, desprezando e não usufruindo o que temos tecendo desejos cujos únicos ensejos são mais nos aproximarmos da saída onde os projectos se esvaziam sem substancia.
Nem mesmo quando no percurso somos enfraquecidos por pancada forte e dela saímos mais ou menos ilesos, tentamos emendar a mão e munidos desse trunfo o jogo possa ser outro e dele tirarmos o verdadeiro partido, no cerne aproveitarmos o que nos é oferecido.
Bom, mas basta de paleio, vejo ali uma bela flor e com ela vou palrar um pouco, talvez até falar de amor e saber se, também ela, tem o anseio constante de olhar para a frente, conhecer outra gente, outras abelhas que provando do seu néctar projectem a sua beleza para lá do portal e quiçá tenha a ideia louca de vir a ser imortal.
Se assim for terei de lhe recomendar que não troque o que tem por fantasias que não passam de manias a que ninguém convém.

sábado, 8 de janeiro de 2011

cativeiro

AUTO RETRATO 
CONTAGEM DE TEMPO NO CATIVEIRO.
PELO MENOS O PIJAMA ERA AZUL!!!
LÁPIS E ACRILICO SOBRE TELA 25X25

terça-feira, 4 de janeiro de 2011