terça-feira, 14 de abril de 2009

Formalismos


Melhor dito formalidade. É algo deprimente.
É frequente fazer-se por ter de ser.
Representa sobretudo pressão do grupo sobre a personalidade.
Facto que, nas épocas ritualistas ou de pseudo festejo individual, tem o seu auge e obsessivo se torna, iniciado muito antes do acto e com declínio passados dias.
Exemplo dos primeiros dias do mês corrente. Por tudo, por nada, a qualquer momento, muito badalado boa Páscoa se fez ouvir, não tendo o dito, na maioria dos casos, qualquer sentir e certamente também sem conhecimento do incluso significado.
Passada esta mera fase verbal, se o facto cria situações de ofertar, deliram comerciantes, vendedores de coisas, comida e ilusões
Essa segunda fase, mais delicada e angustiosa, chega a tornar-se dolorosa para quem dá e quem recebe.
Quem dá, atarefado e sem criatividade, evitando a perca de tempo e dinheiro, decide comprar o mono corriqueiro.
Quem recebe lá terá a sensibilidade e o afago para dizer "que lindo" e arrumar na prateleira até, de boomerang e da mesma maneira, provocar o estrago noutro.
Caberiam aqui palavras terminadas em "ia" que até mal me fariam e assim evito usar, não sendo elas fantasia, nem tão pouco alegria.
Mas é assim a rotina.
Todavia o que mais me desatina é desejarem Bom Natal, Boa Páscoa, Bom Carnaval e, afinal, todos os outros dias ? Terei de passar mal ?
Remoendo tudo isto, resolvi, em tempos idos, abandonar a formalidade, limitando-me, por cortesia, educação e urbanidade a retribuir os recebidos.
Tive sorte. Com o tempo a passar e na eminencia desses tempos loucos de regresso à minha estrela, votos tenho recebido poucos, muito poucos.
Resta um apontamento.
Quando vejo alguém que me toca, poucos, muito poucos, em festividade, ou outro qualquer dia, de sol, chuva ou vento, desejo-lhe, sem o expressar, venha a ter o que quiser, seja lá isso o que for, bem ou mal tem de escolher.
Isto como recheio e laço dum longo e silencioso abraço.
Que tal ? Coisa simples mental, com toque e calor, parece prova d'amor.
Do louvor não fico à espera, por minha loucura mansa a isso não dar valor.
Ah a flor, tinha de ser, é com gosto, mesmo a quem não a merecer.

5 comentários:

Maysha disse...

Ola meu amigo bom dia. Estou de volta, as curtas férias terminaram, mas foi bom embora soubessem a pouco. Como vai, como foi a sua semana?
Assim que aqui entro deparo-me com uma linda flor, fico a pensar se a mereço ou não...
Mas acho que sim, por isso vou levá-la comigo.
Desejo-lhe uma semana recheada de alegrias e deixo-lhe um beijo com amizade
Isa

Baila sem peso disse...

Formalidade...um termo bem aplicado!
O texto tem o selo, de muita verdade
para quê comentar, o explicado?

não carece de mais porquês, se tão bem vai assinado...e leva no fim a flor,
para evitar que palavra cause dor!

...e não parecendo porém, vai embrulhado, fora de festividade, com o amor da amizade!
Aí reside o louvor!

Louco...talvez...mas loucura dessa, vai escrita em bom português!

Beijos

Paula Raposo disse...

Gosto das flores que tens ali em cima. Beijos.

Carmem Dalmazo disse...

Como é bom visitá-lo...ver coisas lindas e ler textos mais lindos ainda...me perco nas palavras...Muito bonito tudo aqui!...

Beijo

Cris Animal disse...

Nada como o simples. nada como deixar o coração ditar as regras.
Esse formalismo que vc coloca no texto destrói qualquer naturalidade, o gosto da surpresa, da camaradagem, do simples e é tão bom o simples!

beijo
..............Cris Animal