segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

De cabeça perdida

Esta, também história de amor e também a dormir no outro canto, onde tinha o nº 31, desde 14-08-2006, aqui a trago para o panteão do amor.


O Eduardo nunca fora de grandes ou continuados amores. Cerebral, supervisionava. Dizia ele, pisava levezinho não fosse atolar-se em areias movediças. Dizia-lhe eu, para não brincar com o amor, sobretudo o dos outros.
Mas ele petiscava amor, alheio ao perigo da intoxicação.
Era no fundo um poeta ! Amava o amor !
Idealista, na busca do improvável, diria do impossível.
Disfarçava as suas ilusões em banhos de lógica e cinismo. Sofria...
Amante era do belo e passava largas horas em contemplação.
Sorte ou azar o seu, certo dia, refastelado numa esplanada, admirava o sol, nu e alaranjado, no horizonte a mergulhar em lençol azul cristal. Alguns flocos de nuvem, tal espuma, emprestavam vida ao mergulho.
Minutos ou eternidades depois, entre essa maravilha e os seus olhos, estacou uma linda mulher, sorrindo.
Conheço o Eduardo. Sorriso retribuído, convite à mesa, uma bebida, curiosidade tremenda em saber, condição essencial, se além da beleza aparente, ela seria também uma mulher linda.
E, de blá-blá em blá-blá, o Eduardo estarrecia pelo imprevisto.
Pensamentos, ideais, afinidades preenchidas. E sobretudo perfeita beleza interior.
A Diana, de seu nome, mulher com capacidades e qualidades a permitir-lhe, finalmente, pisar qualquer tipo de areia, afoito e sem receios.
Bebidas esgotadas, disse-lhe um “não fuja” e foi ao bar já ansiando ao retorno.
Passados alguns minutos de impaciência voltou à mesa e à desilusão.
O sol não deixara rasto, a água era agora azul negro.
A Diana desaparecera !
Perdeu a cabeça...E desde então, de cabeça perdida e sem ver, ali vai com frequência, no mínimo para tentar separar a realidade do sonho.

4 comentários:

Vanuza Pantaleão disse...

...areias movediças do amor...
O Eduardo sabia o que fazia (ou não?), profundo, reflexivo.
Gostei, amigo!!!Bjs

Anónimo disse...

Gostei! Há casos assim.
Se é verídico ou ñ?
Que interessa? Porque cativa e isso é q.importa!
Beijo.
isa.

Baila sem peso disse...

"Era no fundo um poeta!Amava o amor!"
Só me é dado permitir sorrir
Já que a história que aqui vim ler
Só me diz que a poesia é sonho
E que sonho, às vezes faz doer! :D

(Ah...e sim, fui convidada a entrar nos cantinhos todos...e aqui estou, sem me fazer rogada! Claro, que sim...asas para poetas como destreza para atletas :D )

e deixo outro beijinho!

vieira calado disse...

Obrigado pela sua visita ao meu blog.

Um abraço.