quarta-feira, 21 de julho de 2010

IMAGENS

Ainda ensonado, encostei a barriga ao lavatório e, olhando em frente, lá estava o sujeito do costume, envelhecido, barba por cortar, a fazer cair sobre mim um olhar triste e inquisidor.
E, como todas as manhãs, ainda não convencido, tentei mais uma vez encontrar, no que via, o menino que por força ali se esconde e sinto pulular cá dentro e, pese embora jamais o tenha descortinado, sei que existe.
Vou dar ao espelho o beneficio da duvida, talvez não seja tão astuto como se pensa, e fico na esperançada ilusão dessa visão, quão grata me seria.
O reflectido algo acrescenta, pois fico a saber como os outros me vêm quando com eles me cruzo e não como me sinto, ficando triste por também não lhes ser possível verem este menino que não ressalta à vista mas se entretém na brincadeira com a grande panóplia de sentires que o coração à disposição lhe deixa, gerando por vezes aquela confusão e desarrumo tão normal nesses seres limpos e puros.
Ah quem me dera houvesse espelhos com coração e ternura e fielmente me reflectissem.  Dizem estar tudo inventado mas a verdade, a minha, é que ainda não encontrei um assim.
Vou continuar nesta busca que reforça a minha mansa loucura. Procuro, procuro, procuro...
Se por acaso o encontrar trarei aqui a foto. Prometo

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