quarta-feira, 9 de junho de 2010

DORMIR

De vez em vez deparo com perguntas indiscretas, que, semelhando singeleza, obrigam a reflectir sobre o nosso complicado e fastidioso quotidiano.
À questão sobre qual a situação em que me sentia mais vulnerável, pensei um pouco e respondi, naquele meu jeito de malícia e aparente fuga à resposta: 
Quando me obrigam a jogar bridge à séria e a minha linha já completou uma partida.
Todavia, superando a brincadeira, completei: quando, enquanto alma, o meu envoltório adormece profundamente, e o espírito vai vagueando por aí nas asas do sonho.
Por isso sim, prefiro dormir sozinho ou com alguém de suprema confiança, intimidade e afinidade (coisa rara neste campeonato), pois não posso permitir danos no envoltório quando regresso do devaneio astral.
Se me e permitido, direi haver outro momento de grande entrega, porventura de total abandono, provocado pelo alienante orgasmo, brincadeira da natureza.
Contudo essa entrega e abandono, neste meu caso, baseia-se essencialmente no abandono simultâneo do outro ser, naquela cena do dar e receber, na fusão da troca.
Não existe aí perda total de consciência por nesses momentos não me permitir abandonar o corpo, prescindindo dos devaneios que a dormir me concedo.
Fico presente e empresto alguns laivos de sentido ao acto, controlando se é praticado com alguém também de suprema confiança, essa confiança e amor que nos facilita uma entrega total, sem grilhetas ou rituais.
 Bom ... Chega! Vou dormir, sozinho como convém e, daqui a pouco, penso andar aí pela galáxia, como louco, talvez visitando a minha estrela de que já vou sentindo saudade..
Claro que o texto é do coração e de amores.
Porventura, houvesse espaço, colocaria aqui um montão de flores.

1 comentário:

Mariana disse...

Dormir num sono infinito, acaba por acontecer a todos, mas porventura, neste mundo, nunca serão esquecidos...