quinta-feira, 22 de abril de 2010

Viagens


Sou, desde há muito, perseguido por um certo sonho, estranho na sua recorrência.
Talvez me traga certo acréscimo de amargura e ansiedade, decerto por mal, para quem como eu preza e cultiva a disciplina da pontualidade, .
É sempre o embarque para uma viagem, não sei qual o destino, ou talvez saiba, em que, por isto ou aquilo, de somenos e não importa, jamais chego a tempo e o barco, comboio ou avião, já fechou a porta e lá se vai sem mim, suavemente deixando o cais de embarque, de forma provocatória, gorando a vã tentativa e o esforço corrido.
Creio ser travessura da perversa mente, contra a qual não actua armadura, indo contente ao baú do meu passado rebuscar entre as muitas viagens dos meus 20 aos 50 anos e que hoje me pergunto se teriam destino marcado.
Seja como for, o troco deste sonho é o seu final feliz.
Constatar, ao acordar, a pouca relevância do meu atraso e continuar a correr o prazo.
Fico tranquilo! Voltando ao outro lado não penso naquilo e a mente matreira, a sorrir, mais meia hora me deixa dormir, compensando a noite inteira, sem o mau olhado do antes sonhado.


Pode ser falta de amor, mas porventura merece flor.

1 comentário:

Baila sem peso disse...

Se trás amargura e ansiedade
não é sonho, é pesadelo!
Viagens têm hora no trem da saudade
se no sonho se perde o horário
temos relógio de ponteiros em novelo
que por aí terá seu rosário...

se volta sono sem mau olhado
aproveitar a dormir descansado!

não sei se é de amor ou não
acho mais que é inquietação...
mas ficam as florinhas de sol
que lhe dão a paz em doce rol!

meu beijo com carinho...
e que não volte a noite inteira
de novo a ser matreira!