quinta-feira, 28 de maio de 2009

Intenções

Na busca da minha própria serenidade, assentei meus conceitos de amizade e amor e as suas respectivas gradações.
Continuo a distingui-los na essência; amizade, exige troca, e amor, quando bate verdadeiro, é pura dádiva, não carecendo sequer da reciproca.
São dois sentimentos extremamente semelhantes e motores de alguma confusão, ambos portadores da capacidade de se transformarem um no outro pelo faiscar de um qualquer impulso especial.
Se calhar já a muitos sucedeu a amizade profunda abrir a porta ao amor e também o profundo amor esbater-se em sedimento de amizade.
Depois existem algumas grandes emoções/sentimentos agregados.
Destaque à paixão, essa doença do amor, vírus de curta duração e se metaboliza na maior parte dos casos em ódio ou, mais curioso ainda, em absoluta indiferença.
O ciume também faz das suas, tanto num caso como noutro e acaba por mostrar a insegurança de quem o sofre, dissipando, embora lentamente, quer a amizade quer o amor.
Para complicar este fado existem seres a refutar a amizade, pelo receio dela venha a emanar uma parcela de amor, ou, mais grave ainda, pela parca dádiva disponível nas suas almas.
Seres de almas cativas, pobres e sobretudo inseguros.
Passam sequiosos e de copo na mão ao lado da fonte da vida, hesitando em beber e esquecendo que daquela água jamais poderão sorver, se a deixarem correr.
Não correm riscos, não podem colher.
Passam então a outra etapa com a sombra da culpa a acompanhar o restante percurso até ao grande portal de saída.
E sei do que escrevo porque já tentei estabelecer amizade sem êxito, reaprendendo o que já sabia: às melhores intenções correspondem, por vezes, as maiores decepções.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Monogamia



Quando os meus cantos me enfadam ou repudiam, fujo, simulando abandono e procuro conforto e consolo isolado do bulício citadino, especialmente do irritante som das tairocas da vizinha de cima.
Ali, entre canseira e repouso, trabalho a terra a meu modo, afago as plantas, observo a natureza.
Deleito-me na observação de enorme cedro e sua frondosa ramagem, acobertando piscos, pardais, melros, rolas e, pasmo, até andorinhas, estas que habitualmente preferem os beirados.
E todos aqueles seres nos seus gorjeios e vai e vem na tarefa de abastecer os lares de conforto e alimento, vivendo ali em parceria, fazem do cedro como que um bloco de apartamentos da grande cidade, talvez até mais urbano.
Algo me intriga. As rolas, habituadas às minhas visitas, observam-me, aproximam-se, perdendo a sua timidez e talvez curiosas de existirem humanos pacíficos.
O casal mantém-se unido por mais de um ano numa perfeita união monogâmica.
Colhi alguma informação e fiquei sabendo que ambos cuidam do "lar e das crias", revezando-se.
São seres tímidos e bons companheiros.
Já tentei arrulhar com elas para conhecimento pessoal.
Sacodem a cabeça e não me respondem. Decerto não pronuncio bem.
E também aceito não se interessem pelo nosso idioma que de pouco lhes serviria.
Ou talvez pensem: olha, mais um louco !
Penaliza-me! Assim os homens não conseguem aprender.
Fico por aqui e não me digam que o texto não é de amor.


Ah, por faltar a flor ? Então aqui fica

sábado, 9 de maio de 2009

Aniversários

Mesmo não parecendo, a mensagem é para ti
a lembrar um dia da semana que amanhã se inicia

Tem o humano o hábito de comemorar uma vez ao ano
Paciência... Não vou contrariar !!!Parabéns, aí os tens
por essa tua passagem e feliz sejas na sequência da viagem.
Meu desejo é bem diferente e não serve a toda a gente
Comemora não ao ano, mês ou dia,
tão pouco à hora, minuto ou segundo
e sim cada vez que respires fundo
de sorriso aflorado, terno, com carinho
a beleza das flores a cobrir o teu caminho
e a sentires o amor de todos os teus amores.
Plena e serena será a jornada na certeza de seres amada.

Pena não ter ensejo de te dar o meu beijo

sábado, 2 de maio de 2009

Como era o amor



Desta vez não há flor, nem o sol posto, é simplesmente o meu rosto e a torção foi sem dor.
Quando eu era jovem, uma mulher bonita podia deixar-me assim.
Chamava-se a isto dar-me a volta à cabeça.
Hoje, infelizmente ainda me acontece, com muito menos frequência e mais exigência.
Com a idade a procura é mais selectiva.
Não basta uma mulher bonita, terá também de ser uma bonita mulher.
E depois, idade e loucura, garanto, mistura explosiva.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A virtude

AMAR significa amar o que é difícil de ser amado, de contrário não seria virtude alguma;
PERDOAR significa perdoar o imperdoável, de contrário não seria virtude alguma;
FÉ significa crer no inacreditável, de contrário não seria virtude alguma.
E ESPERAR significa esperar quando já não há esperança, de contrário não seria virtude alguma.
(Gilbert Keith Chesterton)

E na fantasia corre o sonho pelas estrelas, brincando com a vontade e tornando a realidade em heresia
Tanta virtude em plenitude numa só pessoa, não me soa, confesso.

Fico tristonho.
Sabendo meus olhos já não são o que eram, tive uma ideia, tomei da duvida o beneficio e (como o outro), tentei com candeia, procurei entre escolhos. Nada.
Para meu pranto, nem tal santa nem tal santo.
Perdida fé e esperança, sigo o conselho. Vou esperar e pelo inacreditável aguardar.
Nesta inquietude porventura colherei virtude.