dedicação aos outros

Hoje trago aqui dois homens responsáveis pela minha presença neste planeta azul.
Ambos foram bombeiros de profissão.
Com o primeiro, de nome João António, avô pela via materna, não me foi concedido privar porque da vida partiu cedo. nascido que foi em 1876.
Dele me restam dois decretos reais concedendo medalhas de prata pelo seu heroísmo e abnegação, por ter salvo diversos seres, com risco de sua vida,  em dois horrorosos incêndios que à época ocorreram em Lisboa, Rua da Madalena e Rua da Verónica, nos idos de 1904 e 1907.
E o curioso da situação é que teria de exibir esses decretos, se ao peito ostentasse as medalhas, para provar que a elas tinha mérito.
Com o segundo de nome António Joaquim, meu pai, nascido em 1900, tive melhor mas curta sorte e dele usufrui durante doze anos carinho e aprendi a amar os outros e respeitar os animais.
Delirava brincar com as suas ferramentas de trabalho, aquele brilhante capacete e a machadinha.
Desde cedo me levou ao cinema com frequência e daí certamente brotou esta minha imaginação de fantasia e porventura o gosto pela fotografia.
E dos socorros a náufragos obteve louvor por salvamentos no Tejo, todavia com risco dessa sua curta vida.
Ando por aqui há mais do dobro do tempo que eles viveram e no final deste meu longo e acidentado percurso não posso deixar de meditar e culpar-me da eventual má gestão que tenho feito dos genes que de certeza me legaram e provocam aqueles actos de abnegação, heroísmo e coragem que a mim não me cotejo.
Na verdade até mesmo quando me chega o desalento me falta essa força para o meu próprio salvamento e que tenha salvo o próximo não me consta, a menos o tenha sido por palavras.
Que a pena me seja leve. Agora não dá para mais.
As fotos virão a seu tempo !
POIS. JÁ LÁ ESTÃO EM CIMA.