terça-feira, 31 de agosto de 2010

CONVERSAS DE ALMA


É a palavra escrita, entre outros, um poderoso meio de partilhar afecto, sendo comum o envio do beijinho e abracinho que sem concretização física, deixa, no menos, a intenção da carinhosa ternura.
Porventura, mesmo por essa via, existem seres que nos passam ao lado, outros nos roçam e alguns mas poucos nos atravessam e enlaçam a alma.
Um desses últimos escreveu há dias que em frente ao mar eu lhe surgia à memória.
É um afago que, para além da ternura implícita, me dá o agrado de saber que consigo existir para além de mim e eventualmente haverá alguém que poderá ter prazer na minha lembrança.
Desconhecendo a mágica, motor do facto, todavia convicto estou serem impenetráveis segredos de alma que assim se engorda certa da presença do outro.
Podes crer que quando fitar o horizonte sobre as águas, não deixarei de te ver a caminhar sobre esse teu domínio e vou acenar-te com carinho para que saibas que também em mim existes fora de ti.
Por agora fica com aquele beijinho bem intencionado, jamais concretizado e o abracinho longo e sem aperto e sempre que contemplares o mar ou o céu lá estarei contigo.
Falta aqui algo que o sistema não deixa mas terei de voltar para evitar a queixa.  Até lá*******

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Porventura será verdade e o ocaso não surge por ACASO  e eu continuo o mesmo, nada tendo melhorado desde Fevereiro do ano passado em que publiquei o texto aqui linkado.  Paciência, abatam-me ao efectivo.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Feitiço de amor

CAcrílico sobre tela 30cm x 30cm, com adaptação em computador
Ouvi um estrondo no jardim, acorri.
Ela estava ali, olhando para mim com todos aqueles olhos verde cinzento, sóbriamente despida, o que na foto escondi, e do penteado nem falo. Linda !!! Sorri.
Quis dizer algo fosse cativante, aquelas palavras que todos dizemos ao visitante , nada significam e ninguém ouve, mas são de bom tom.
Não expressava som. Fiz um esforço, e, sem nexo nem desejo, pronunciei: AMO-TE. Não tive outro ensejo.
Todos os seus olhos brilharam e convidou-me a sair.
Peço perdão, seria convite ou intimação ? Tive de ir.
De vontade anulada, sorri de novo e abraçados lá fomos, calçada fora em longa passada.
Quem connosco cruzava voltava a cabeça e mirava, êxtase, cobiça e inveja. Dentada de ciume jamais sentira e ninguém deseja, mas a ferroada levei e, como acontecia, não sei.

Já o passeio me cansava e não trouxera bagagem para esta viagem. Contudo... continuava sorrindo.
Para quebrar o derriço, certo do feitiço, num lampejo de razão, a custo e sem susto, perguntei-lhe então quem era, donde vinha.
Sou a morte me disse com voz de afago, venho duma estrela pra lá do sol e tens sorte, para vires comigo, eu trago um lençol.
E levou-me...

Como se trata de um estado de espírito, fiz renascer este texto dentre cinzas.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

DESENCONTROS

 Se nunca te vi, nem um abracinho te dei, não te olhei, não te cheirei, não tacteei o teu rosto como te vou conhecer perdida na multidão ?
Fico-me por ter roçado tua alma. 
Olharei todas e ficarei na escuridão, embora ouvindo os cânticos, e vais continuar no meu pensar.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

COMUNICAR

Comunicar parece ser o que deveríamos fazer quando contactamos uns com os outros.
Porventura nem sempre assim sucede e subsiste alguma dificuldade em entender o que o outro quer dizer com aquilo que expressa. Muitas das vezes o fenómeno tem lugar simplesmente por serem diferentes os conceitos em cada cabeça.
Ouve-se com alguma frequência e sem recato: vamos fazer amor !
Já sobre isto escrevi e na verdade se se faz, é coisa que se pode comprar feito.
Muita gente ficaria satisfeita com a dispensa dos indispensáveis preliminares. Ia à loja e levava a dose já cozinhada ou fabricada, digamos.
Não quero ir por este trilho, para não arranjar sarilho, mas há outro tema com que me enchem as orelhas e me farto de escutar:
Não tenho tempo, estou só  a fazer tempo, acabou-se o tempo.
Vejamos que afinal o tempo também parece fazer-se e depois isto tem significado diferente dependendo do respectivo contexto.
Se convido uma mulher atraente do meu convívio ou trabalho a beber um café a resposta é tal e qual.
É pá gostaria muito mas não tenho tempo. quando seria mais honesta, mais prática e mais convincente se respondesse que não, que sou velho demais para essas coisas ou muito louco ou que se excita com café.
Nos hospitais ou outros locais de visita e de repente lá aparecem aqueles senhores vestidos de branco ou azul que exclamam:  acabou-se o tempo, como se fosse coisa para acabar, mas, ali, por vezes, dão consolo a quem fica e a quem tem de sair. Do estilo acabou a algazarra.
Normalmente as pessoas vão a coisas que supõem vir a apreciar e à saída lá exclamam: isto foi uma perda de tempo. Absurdo, voltem atrás e recolham, se perderam talvez reencontrem tudo, pois suponho ninguém roube tempo.   O quê ?  Diz ali aquele senhor que é o que lhes estou a fazer.
E no meio de tudo isto fico sem saber afinal o que é o tempo e se afinal se fabrica ou não, embora alguns digam que é no espaço uma dimensão, o que para mim e muitos outros parece continua a ser embaraço.
Sei, de fonte segura, que é coisa que não pára enquanto dura.
Outros dizem que é carga que trazemos à nascença e temos de ter cuidado no seu uso, pois, se acaba, entramos em parafuso e lá vamos nós.
Vou tentando gastar o meu em algo que me dê algum prazer e sempre digo, pode ser em tudo menos comer.
E como não o devo usar desgastando a paciência dos outros, se calhar vou terminar e em tudo isto vou matutar, claro, se mais algum tempo me restar.
Ajudem-me tentem explicar-me.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

DORMIR

Quando de manhã vamos acordando e o relógio permite mais um soninho, cometemos o erro de encher a memória interna de projectos, sonhos, fantasias e outras impossiveis manias que ali ficam a bulir e acabam por não deixar dormir.
Não estando acompanhado, ou na certeza de não incomodar alguém, é aconselhável sacudir a cabeça duas ou três vezes e ao outro lado voltar.
Quase sempre resulta, sem garantia claro.
Olha !!! Estava em eminente perigo mas resultou desta vez. Vou continuar a dormir até alguém me sacudir.

FASCÍNIO

Era uma mulher linda, de olhos lindos e profundos.
Daqueles olhos em que apetece, cerrando os nossos,  mergulhar o sentimento e procurar-lhe a alma, sem olhar a perigos, manifestamente numerosos e singelamente se enumeram para salvaguarda dos mais cautelosos.
1. Se as profundezas forem tão agradáveis quanto as superfícies e depararmos com a alma, corremos o risco de não voltar à tona, por lá ficando perdidos, enamorados, e certamente vai doer.
2. Se hesitarmos no mergulho e a contemplar em demasia ficarmos, pode andar por perto um sumarento que não goste do olhar e nos estrague o fardamento.
3. mergulhar quando ela pestaneja, o tanas, corremos sério perigo, fortuito e não a propósito, e ficaria o lamento de esmagar o sentimento entre pestanas.
4. Porventura e segundo o meu ponto de vista, quando os olhos são lindos de ver e a cor e alma estão a condizer, os perigos nunca serão problema pois valerá sempre a pena.
5. Para terminar, e como vantagem minha, se disser tudo isto, sem ser mal educado, a uma mulher possuidora de tal predicado, ela vai exclamar: LOUCO!!!
O que me traria felicidade, por alguém dar mérito e reconhecer essa minha capacidade, seja lá o que seja !

Bom, fico por aqui, pois bem me parece que já escrevi demais e ordem ponho nisto, tranco o pensamento e dou fim ao sonho.
Para tanto amor seria bem pouco uma flor e, por mim, sendo assim tão louco, aqui deixaria um jardim.
Para ti.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

bons e maus

Entrei no autocarro e logo a gorda mulher encetando conversa com o vizinho lhe dizia que os homens bons só se encontravam no cemitério.
Pois, o dito daquela mulher levou-me aos anos da minha juventude em que o cinema americano nos injectava os ditos filmes de aventuras (índios e cowboys), cavalgadas, tiros e setas, onde era de uso ouvir os bons (??) dos cowboys a dizer que índio bom era índio morto.
Por isso lá pensei que no cemitério a que se referia só haveria bons homens enterrados, naturalmente.
Mas não e a trovoada chegou depois quando ela disse, à laia de explicação, que era bastante fácil encontrar bons e piedosos homens, chorando, na visita ao túmulo das ex-mulheres.
Bom só faltará a abertura de esplanadas e a marcação dos respectivos encontros para partilhar passado e futuro, embora a envoltura não seja das mais agradáveis.
A observação destas coisas tem para mim um certo factor benéfico, pois assim me vou convencendo que afinal não sou tão louco quanto pensava e manifestamente há bastante pior, embora não seja menino para me comprazer com o mal dos outros.
Todavia a loucura mansa nem é grande tortura e por vezes assenta bem.
Nem falo aqui de flor, mereça ou não, lá me começavam a perguntar se era para pôr em caixão.
Continuo sem aprender nada e ganhei apenas o recuo à juventude.
Hoje não tomo a medicação.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

MIMOS

O flagelo das drogas, podem os mais incautos tomar nota, não se basta na habituação e dificil fuga das pesadas e também das mais ligeiras, como o álcool e o tabaco, todas de trabalhoso e complicado divórcio.
Existe uma, ligeirinha, ligeirinha que por sinal não tem preço e é por hábito trocada em ternurenta cumplicidade
O mimo, coisa terna prenhe de carinho, prova de que existimos fora de nós e na mente de quem nos ama.
Quando de boa gema faz cerrar os olhos, inebriando alma e coração, virando vicio num ápice.
Apesar de leve não deixa de possuir o perigo de poderosa habituação que consigo arrasta a dor da carência, havendo por tal de ter o máximo cuidado nas trocas de forma a assegurar que o cúmplice não interrompe a permuta.
Vou ficar por aqui pois se a minha querida neta lê o texto lá virá com a sua assertiva critica: Lá está o avô a dar para o sentimento!!
Aproveitemos a plenitude do mimo que só faz bem à saude.
Também terá de levar flor porque é de puro amor, mas hoje não trouxe a chave do jardim.  Cá virei a seu tempo.

AMOR E MAGIA

Dizia eu em tempos a uma amiga em tom de desabafo que as mulheres que ainda me atraem, necessariamente pelo conjunto da beleza física e espiritual, duma forma geral ou já comprometeram os seus afectos ou olham em primeiro plano à minha idade, em detrimento de outros atributos físicos ou intelectuais de que ainda felizmente disponho.
O que daqui retiro é que não acreditam naquela treta tão apregoada na publicidade do vinho do porto.
Quando me surge uma cuja atracção me dilacera, quase desejava ser mago além de meigo, para lhe conceder um acréscimo à idade de 15  20 anos, assim conciliando as coisas.
Porém o sujeito sensato que me enche o coração e a mente, o tal que elas não conseguem descortinar, de imediato me pergunta se eu gosto tanto dela para quê projectar-lhe tanto mal ?
Estou a ouvir um comentário ali do fundo daquela senhora morena de vestido vermelho:
O tipo é velho e louco !!!!!
Pronto é o costume e eu que estava esperançado de vir aqui aprender alguma coisinha, só levo com o que já sei e é evidente.  Paciência, pode ser que não seja nada
Para já vou continuar sem orelhas para mordiscar enquanto em sussurro pudesse partilhar os meus afectos e problemas vivenciais.
Ah isto terá pela certa de levar flor.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

CORPO E ALMA

Ñão retiro grande agrado das minhas deslocações à capital, minha cidade natal.
No entanto, é verdade, quase sempre ouço ou vejo coisa que deixa minha mente em fervura e, por tal, e antes que as bolhas prejudiquem o respectivo texto, logo que chego tento transmitir ao teclado o resultado da safra.
Lá vai, contrariando quem não gosta de viajar de metro.
Sem grande margem de erro, estou convicto poderei afirmar existir consenso alargado que são os humanos um composto de corpo e alma, ressalvados alguns desalmados que as noticias e os factos diariamente nos apontam.
E foi por este caminho o tema ouvido em extenso paleio num percurso em transporte publico, onde, além da deslocação óbvia, temos tantas vezes que levar com insólito historial da vida alheia, pela falta de recato nas conversas e níveis de voz utilizados pelas impostas companhias que não conhecemos nem interessam mas que por vezes nos aportam algum conhecimento de nós próprios se os extrapolarmos.
A pergunta que colocaram foi para mim pequena bomba a que tentei tirar o detonador e depois despiolhar:
Somos um corpo com alma, ou uma alma com corpo.
Pede uma resposta que, seja qual seja, implícita grande exposição da personalidade do respondente e seu percurso de vida, pois aceitando-se ser alma com corpo, este, como seu veiculo, facilmente e pela sua prática,facilitará a leitura das expressões da alma, desnudando-a tal e qual como a personalidade. e já a resposta corpo com alma, fica um pouco fora deste contexto por não estar a ver o corpo a dominar a alma.
Bombinha despoletada fácil foi adaptar as suas várias facetas, tentando comparações à minha forma de estar tento cumprir a finalidade suprema tão em voga do conhece-te a ti próprio.
Enfim foi um cenário que deu luta e por tal gostei, gostei e gostei.
Cá virei colocar uma foto duma carruagem de metro e também acho que merece flor.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

capacidades

Neste mundo competitivo acontece criarmos os nossos próprios problemas quando verificamos não sermos capazes de...-  seja isso para o bem ou para o mal, existe sempre o desconforto ao ego.
Olhando para mim e para o meu longo percurso, jamais me embriaguei o que  parece insólito quando olhamos à volta com critica ou inveja.
E não é que não o tenha tentado, todavia o corpo recusa e contraria o espírito.
E a funcionar assim quer na rejeição dos defeitos ou virtudes é óbvia a necessidade do domínio psicológico para que não se gerem feridas por tão bizarras causas.
Na área do ciume esse sentimento bizarro, nefasto e estranho de pseudo dominância, tentei também senti-lo e em determinado tempo tentei procurá-lo, provocando-o.
Tenho hoje a garantia ser capacidade absolutamente dispensável pelo estúpido impacto que provoca.
Fiquei curado. Nunca fui sumarento assumido nem serei. É um sentimento de posse e domínio cortando a liberdade ao outro e que jamais poderá coabitar com o verdadeiro amor

Flor ?  Claro que merece, vou ali ao jardim procurar e aqui com ela hei~de voltar.