sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O ABRAÇO

Quando demos o abraço
de coração a compasso,
dois unidos num só traço
esquecidos do embaraço
e perdidos naquele espaço,
apertaste nosso laço
na brandura do teu braço.
E AGORA...
desfeito que foi o laço
com futuro já tão baço
vou esconder meu cansaço
no sonho do teu regaço

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Universos

Disseram-me que o universo sou eu e com ele me extingo.

Não ouso porém excluir os outros universos desta imensa galáxia e ai me redimo.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

CARDUME

Pastel de óleo sobre papel 40x30 (2005)

O cardume, exemplo de disciplina táctica no interesse da subsistência e sobrevivência do grupo, em que cada individuo conhece e cumpre a sua função, sem hesitar ou discutir.
Outro exemplo diria, que o homem geralmente não segue, sobrepondo o interesse pessoal ao da espécie
fotonotyet



Quanto aos peixes, mesmo que o impulso do instinto advenha, estamos perante um acto de amor e assim indiscutivelmente merecem a flor.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

As vestes da alma

Tem o conceito de fidelidade uma abrangência universal com raiz centrada na confiança.
Todavia, nessa matéria e em coisas de amor, compreender os humanos é missão impossível, talvez porque funcionam no contraditório, negando aquilo que anseiam e aceitando o que antes negaram.
Venho questionando, quando posso, o que entendem por traição no amor e a diversidade das respostas, valendo o que valem, cria um leque cujos limites vão, desde a entrega física a outrem, até ao simples pensamento, tão distintos entre si e na sua essência apenas representam diferentes sensibilidades de mão dada com evidente falta de diálogo e aceitação do outro.
Daqui resulta que nem mesmo em relações de comunhão e plena intimidade não é garantido nem está presente o encontro, aí onde se despem mas raramente se desnudam.
Tocam-se e abraçam-se, fundem-se, sem libertar a alma das vestes e grilhetas da memória, esse negro rio onde por vezes correm águas turbulentas do passado que, muito embora não voltem a correr, corroem o presente permitindo comparações e confrontos.
Entretanto, e apesar disso, supremo engano, são capazes de afirmar que se amam.

Ai, quem me dera voar.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Convidados


Levados por mim, ao sitio cheguei com o casal de emplumados.
Haviam sido "embalados" em caixa de cartão com rasgos para respiração.
A viagem correu de bom vento, exceptuando a curva e a travagem que provocava lamento.
Alojados em casa onde vivera um cavalo, parece ter agradado, sobretudo ao galo.
Habituado às humanas gentes, estranhei e invejei a falta de bagagem, mas aguardava algumas reclamações, das patentes e precárias instalações.
Como urbano hospedeiro, ciente da dificuldade de entendimento, afoitei tímido cacarejo e mesmo um cócórejo e na volta o que vejo ?
Sacudidelas de cabeça e som semelhante ao gargarejo, não sei se de ironia ou critica pedante.
Sem WC, suite, fogão de sala e televisão, aquele aparente bem estar não era coisa de gente, carecia de razão, era de estranhar. E, sobretudo, disposição que continuava a invejar.
Lá os deixei, resolvido do sol ao luar, ir observar.
Levantavam-se com o sol. Ele de lindo e colorido rabo alçado, cocorejando segredos de intimidade a preparar-se para a prol e ela, em cumplicidade, não esquiva mas altiva, com sobranceria que até humana parecia.
Da sobrevivencia tratavam e, por aqui ou por ali, sem pressas depenicavam, e não temiam, como os humanos, o mundo às avessas.
E era o uso diário, sem terem noticiário.
A falta de conhecimento, favorecia o sentimento.
Pela saída do sol, ele, esquecendo a prol, pulava lá pelo alto, e ela ali não ficava pois qualquer som a assustava, mas pela manhã voltava.
E foi assim, dia a dia, até vir a tempestade e a ventania levá-los, com a casa dos cavalos.
A partir de então não sei onde estarão, nem mesmo se vivos são.
Sendo a vida vai e vem, bem certo é que cada um vai desejando aquilo que não tem.
Quanto mais me aproximo dos animais, mais aprendo, e os ditos humanos menos entendo.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Amor perfeito


Dará esta flor jeito
em história d'amor perfeito
do tipo Romeu/Julieta
que hoje parece treta
Hei-de voltar
e esta história animar.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Valeu a pena

Desnudo tenho andado a mergulhar no passado.
Dei com este trecho que postei faz anos e aqui deixo o LINK
É sem duvida de amor pelo que em devido tempo virei deixar a flor.

O prometido é devido

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Duas flores

O vidro da ninha máquina captou duas flores.
Teve cuidado, no enquadramento e nas cores.
E, a medo, revelou o segredo.
Uma, morta porque colhida.
Outra, sem alma, perdida !

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

simetrias

Ensaio geométrico (acrílico sobre tela 30x40, ano 2009)
SERÁ QUE VALE POR DUAS ?
E serão ambas semelhantes ?